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I – Neurose Contemporânea – Que civilização é essa?

I – Neurose Contemporânea – Que civilização é essa?

Dentre as minhas reflexões da clínica onde a demanda de pessoas que procuram alívio imediato, sedentas por fórmulas milagrosas, cheias de ansiedades, entediadas, angustiadas e/ou com níveis variados de dependências químicas legais ou ilegais – “drogadictos”, vêm crescendo de modo assustador. Há, realmente, um distanciamento entre os pacientes típicos da época freudiana, os famosos histéricos, obsessivos, fóbicos, pertencentes ao campo das neuroses em geral, e os pacientes dessa sociedade atual, os imediatistas, entediados, ansiosos, limítrofes, narcísicos? Paira uma dúvida a respeito dessa nova configuração: somos todos perversos e psicóticos? Notem que, estes termos, são muito comuns na linguagem popular da sociedade contemporânea.
Na modernidade freudiana o sujeito sofria por falta de ‘liberdade’, na modernidade contemporânea sofre por excesso dela, embora essa ‘liberdade’ seja meio mascarada, controlada, previsível para o consumo e para o gozo imediato. Gozo esse que logo se apresenta como insatisfação, trazendo sensações de tédio, ansiedade e angústia. Na época de Freud a sociedade apresentava uma face moral rígida, com regras a serem cumpridas e que, mesmo transgredidas por alguns, permaneciam como pilares consensualmente aceitos, uma vez que essa sociedade sentiu-se obrigada a silenciar sobre muitas transgressões, apesar de seus princípios determinarem que deveriam ser punidas. Hoje, muita coisa mudou, mas sempre a estrutura das sociedades determina, em grande parte, o padrão de vida do indivíduo, seu pensar e seu agir.
Freud, em 1930, publica “O mal-estar na civilização”, cujo título escolhido por ele foi “Das Unglück in der Kultu” (A infelicidade na civilização). Mas ‘Unglück’ foi, posteriormente, alterado para ‘Unbehagen’, palavra para qual foi difícil escolher um equivalente inglês, embora o francês ‘malais’ pudesse ter servido. Numa carta à sua tradutora, a Sra. Riviere, Freud sugeriu “O desconforto do homem na civilização”, mas, foi ela própria quem descobriu a solução ideal para a dificuldade no título finalmente adotado. Esse texto vinha justificar a criação da civilização e, em sua tese, o homem primitivo estava em melhores condições do que o homem civilizado, pois não tinha seus instintos, tanto sexuais quanto destrutivos, reprimidos. Ele demonstra claramente seu pessimismo para com o futuro da civilização. Uma atenção especial foi dedicada aos conceitos de identificação, pulsão de morte e sublimação. Aliás, conforme historiadores da psicanálise, Freud teria escrito um ensaio sobre sublimação para a metapsicologia, e o mesmo teria sido perdido. . (artigos sobre metapsicologia vol.XIV)cf.Jones.1972).
Em “O Mal Estar Na Civilização”, Freud diz:
“Mais uma vez, portanto, nos contentaremos em dizer que a palavra “civilização” descreve a soma integral das realizações e regulamentos que distinguem nossas vidas das de nossos antepassados animais, e que servem a dois intuitos, a saber: o de proteger os homens contra a natureza e o de ajustar os seus relacionamentos mútuos. A fim de aprendermos mais, reuniremos os diversos aspectos singulares da civilização, tal como se apresentam nas comunidades humanas”. (O Mal estar na Civilização – vol.XXI)
O objetivo de Freud era o de analisar as relações universais entre o indivíduo e a civilização, procurando entender os motivos que levam os homens a constituírem a civilização e as limitações para a felicidade humana, inerentes à vida civilizada. Logo no início do seu texto, Freud nos fala o quanto são empregados falsos padrões de avaliação pelas pessoas, que buscam poder, sucesso e riqueza para elas próprias e que admiram nos outros, subestimando tudo aquilo que na vida tem realmente valor, e o risco que correm ao esquecer quanta adversidade existe no mundo humano e na sua vida mental. Freud aponta as possibilidades de felicidade como algo subjetivo, que não se conforma à razão, ou a confunde sendo sempre restringida por nossa própria constituição e, a atitude de hostilidade para com a civilização, vem de uma longa insatisfação ocasionada por certos acontecimentos históricos específicos. Certamente, a primeira guerra mundial foi um dos acontecimentos que mais o impulsionou a escrever esse texto. Conforme Freud:
“Assim, nossas possibilidades de felicidade sempre são restringidas por nossa própria constituição. Já a infelicidade é muito menos difícil de experimentar. O sofrimento nos ameaça a partir de três direções: de nosso próprio corpo, condenado à decadência e à dissolução, e que nem mesmo pode dispensar o sofrimento e a ansiedade como sinais de advertência; do mundo externo, que pode voltar-se contra nós com forças de destruição esmagadoras e impiedosas; e, finalmente, de nossos relacionamentos com os outros homens”. (O Mal estar na Civilização – vol.XXI)
Penso que, na atual situação em que nos encontramos, as pessoas estão muito desorientadas e alienando-se cada vez mais. O sistema social, por exemplo, é uma construção humana e deveria ser controlado pelos homens, mas está longe de nós e fora de nosso alcance. É preciso recuperar o sentido da educação, o conhecimento de si próprio, aprendendo por meios criativos e alternativos, e estimulando essa criatividade que a alienação social tenta destruir, uma vez que só a educação, tratada em caráter emergencial, é capaz de vencê-la. Hoje, as pessoas se encontram inclinadas para a agressão e a capacidade autodestrutiva salta aos olhos. De acordo com Freud, uma civilização só pode agir sobre seus habitantes de modo a torná-los felizes. Ele sempre se preocupou com o “social”, que veio a se acentuar após o impacto da 1ª. Guerra. E, procurou, também, mostrar a hipocrisia da sociedade moderna, já na sua época, com a coerção social, o caráter primário das tendências agressivas e o empobrecimento da vida. Assim, ele valoriza, inicialmente, a guerra como alternativa ao conceito convencional de morte, porém, a guerra mobilizou seu interesse para com o estudo da agressão, aprofundando o conceito de “instinto de morte”. (Conferencia XXXV- A Questão de uma Weltanschauung)
O homem natural, para Freud, já impõe seus desejos, exalta seu egoísmo, mas tem, porém, uma necessidade social. Os mitos contidos no contexto social, no universo psicanalítico, podem ser vistos como reafirmação da vontade do pai acima dos impulsos rebeldes dos filhos. Para ele, o que existe é o controle de uma liberdade de ação, seja na forma de horda, família e até mesmo social, onde os afetos escondem hostilidades inconscientes. Conforme Freud:
“Não é arriscado supor que sob o regime de uma moral sexual civilizada a saúde e a eficiência dos indivíduos esteja sujeita a danos, e que tais prejuízos causados pelos sacrifícios que lhes são exigidos terminem por atingir um grau tão elevado, que indiretamente cheguem a colocar também em perigo os objetivos culturais”. (Moral sexual civilizada e doença nervosa moderna – vol. IX)
Ele acrescenta que, as exigências impostas à eficiência individual em todas as classes vêm crescendo, aumentando com isso a ânsia de prazeres materiais, num precedente que atinge até as classes mais pobres. Freud já se preocupava com o fenômeno da ascensão das massas após a revolução industrial. Freud, em seu texto “Psicologia de grupo e a análise do Ego” (1921), também conhecido como “Psicologia das massas e a análise do Eu”, apresenta idéias cujas sequências de pensamento derivam mais especificamente do quarto ensaio de “Totem e Tabu“, (1912-13), de seus artigos sobre o “Narcisismo” (1914c) e de “Luto e Melancolia” (1917c). Freud também retoma seu interesse pelo hipnotismo e pela sugestão, que advinham de seus estudos com Charcot em 1885 e 1886. Para Freud:
“A psicologia de grupo interessa-se assim pelo indivíduo como membro de uma raça, de uma nação, de uma casta, de uma profissão, de uma instituição, ou como parte componente de uma multidão de pessoas que se organizaram em grupo, numa ocasião determinada, para um intuito definido". (Psicologia de Grupo e Analise do Ego – I- Introdução).
A obra que inspirou Freud em seu estudo sobre “Psicologia das Massas e a Análise do Eu” foi a “Psicologia das Multidões”, de Gustave le Bon, que faz uma análise da alma coletiva e a diluição das diferenças individuais. Ele dedica um capítulo inteiro a examinar a idéia de alma coletiva e as observações agudas sobre o comportamento das massas, contidas na primeira parte do livro de Le Bon. A idéia mais importante do autor francês, diz respeito à diluição das diferenças individuais que se produz entre os membros do que ele chama de multidões psicológicas. O grande achado de Le Bon, na primeira parte do livro (“A alma das multidões”), refere-se ao caráter inconsciente das motivações das massas que “pensam por imagens” e agem guiadas pelo poder hipnótico de certos líderes.
Freud diz: “Mas temos agora de acrescentar que, na realidade, nenhuma das afirmativas desse autor apresentou algo de novo”. (III – Outras Descrições da Vida Mental Coletiva). Freud foi o grande teórico da psicologia de massas do século XX ao fazer a colocação que, os membros da massa se apropriam do líder por meio de mecanismos de identificação com os ideais paternos que ele representa. Para ele, a autoridade sempre existe personificada. Ao se identificarem com o ideal, os membros das formações de massa se sentem dispensados do julgamento de seu próprio supereu – instância crítica e sádica que atormenta o eu com suas normas rígidas e suas ameaças de castigo – daí a disponibilidade das massas para a violência, para os atos de caráter delinquente que nenhum de seus membros, isoladamente, teria coragem de praticar. A imagem personificada do pai, como modelo de autoridade, vincula-se diretamente à idéia que na sociedade ocidental qualquer tipo de autoridade está submetida a pressões e crises. A atitude psicanalítica reforça o distanciamento à crítica do conceito de legitimidade. Freud já se mantinha preocupado com a possível dissolução da família, que ele nomeava como “célula germinal da civilização”, mantendo, porém, essa célula como característica indestrutível da natureza humana. Para ele as neuroses são ricas em conteúdo. Em suas colocações sempre falava da dificuldade de lidar cientificamente com sentimentos, tentando descrever os sinais fisiológicos dos mesmos.
Neurose deriva da palavra grega neuron (nervo) com o sufixo osis (doença ou condição anormal). O termo “neurose” foi cunhado em 1769 pelo médico escocês Willian Cullen, para se referir a ‘desordens do sentido e ação’. Para ele, a neurose descreve várias desordens nervosas e sintomas que não poderiam ser explicados psicologicamente. Entretanto, o termo neurose foi mais influenciado por Sigmund Freud e Carl Jung mais de um século depois. Tendências neuróticas são comuns e podem se manifestar como depressão, ansiedade aguda ou crônica, tendências obsessivo-compulsivas, fobias e até desordens de personalidade.
O neurótico cria em seus sintomas satisfações substitutivas para si, que podem criar sofrimentos em si próprios ou tornarem-se fontes de sofrimento por criarem dificuldades em seus relacionamentos, sejam eles no meio familiar em que vivem ou em relacionamentos sociais a que pertencem. Segundo Freud, o amor de transferência visa as marcas deixadas pela perda do objeto e, consequentemente, à operatividade do desejo. As neuroses de transferência presentes em todos os seres humanos, na verdade, apenas intensificam disposições universais.
Maria Rita Kehl, psicanalista e escritora em seu texto “Você Decide... E Freud Explica”, nos diz:
“Uma das respostas a esta forma de alienação contemporânea é a neurose. Por que as sociedades modernas produzem culpa e neurose, se elas apelam incessantemente para que o sujeito goze sem culpa e seja feliz? Por que as formações sociais não sustentam mais os sujeitos, escreveu Freud em Totem e Tabu. Em sociedades arcaicas, as estruturas simbólicas determinavam os destinos dos sujeitos. Laços de parentesco, a posição dentro da família, origem de classe, etc., decidiam pelo sujeito, em grande parte, a vida que ele deveria ter. A neurose se produz quando o sujeito se acredita senhor de seu destino, e inteiramente responsável (portanto culpável) pelo que fizer dele”.
A teoria da cultura freudiana, estabelecida como ponto primeiro de referência, o da crença de que muitas das neuroses enfrentadas pelo homem contemporâneo explicam-se através de parâmetros dos hábitos do homem primitivo, colocam a narrativa e a ficção de Totem e Tabu atuais para a compreensão da historia da singularidade neurótica contemporânea. Além disso, a própria teoria freudiana esclarece razões para pensarmos o recalque em termos mais abrangentes, por exemplo, na sua dimensão simbólica. Neurose não deve ser confundida com psicose, que se refere à perda de contato com a realidade. A neurose é o resultado de um conflito entre o ego e o id, ao passo que a psicose é o desfecho análogo de um distúrbio semelhante nas relações entre o ego e o mundo externo, não sendo tão simples explicá-las, por se tratar de um contexto de estudos minuciosamente detalhado. De modo geral, a neurose e a psicose se diferenciam em sua primeira reação introdutória do que na tentativa de reparação que a segue. Embora os mecanismos para suas formações sejam os mesmos – mecanismos estes presentes no conhecimento etiológico – na neurose não rejeitamos a realidade, apenas a ignoramos, nos alienamos perante ela, enquanto na psicose rejeitamos a realidade e tentamos substituí-la, “A etiologia comum ao inicio de uma psiconeurose e de uma psicose sempre permanece a mesma”. (Neurose e Psicose (1924[1923]) vol.XIX). Conforme Freud:
“A distinção nítida entre neurose e psicose, contudo, é enfraquecida pela circunstância de que também na neurose não faltam tentativas de substituir uma realidade desagradável por outra que esteja mais de acordo com os desejos do indivíduo. Isso é possibilitado pela existência de um mundo de fantasia, de um domínio que ficou separado do mundo externo real na época da introdução do princípio de realidade”. (A Perda Da Realidade Na Neurose E Na Psicose – Vol. XIX).
Para Freud, tanto na neurose quanto na psicose interessa a questão não apenas relativa a uma perda da realidade, mas também a um substituto para a realidade e, com a introdução do conceito do narcisismo, abriu caminho para obtenção de uma compreensão analítica das neuroses traumáticas, e de várias das afecções fronteiriças às psicoses. Ele marca explicitamente que a perda da realidade na neurose é diferente daquela na psicose. No seu ensaio sobre a “Gradiva”, Freud usa a expressão fantasia delirante para se referir ao delírio, o termo fantasia delirante é o que associa neurose e psicose, a sua maior dificuldade é, portanto distinguir com precisão os dois termos. (Delírios E Sonhos Na Gradiva De Jensen (1907 [1906]).
O problema residual é que como tudo no nosso psiquismo, a fantasia tem dois lados tanto pode ser uma salvação quanto uma patogenia, dito isso a fantasia pode ser precursora da formação do ‘sintoma’. Esta vertente nos remete a uma dimensão do ‘sintoma’, que não é somente a do inconsciente como intérprete, mas do ‘sintoma’ como satisfação, que se expressa na fantasia. Na verdade, segundo Freud, todo ‘sintoma’ pode ser lido, decifrado, como uma fantasia de desejo. Ele expressa como "mal-estar" aquilo que as fantasias representam, de forma figurativa, como satisfação da pulsão. (Conferência XXIII - Os Caminhos Da Formação Dos Sintomas - (1917 [1916]) - Vol.XVI)
A fantasia age como uma força motriz psíquica que funciona medializando o encontro do sujeito com o real. Há um vetor que rege nosso psiquismo, para Freud esse vetor único e fundamental esta presente na pulsão de morte. Podemos dizer que a fantasia é a articulação entre o inconsciente e a pulsão. A fantasia amorosa na figura de Eros – tanto no sentido da sua sinonímia quanto das suas polissemias – pode significar uma salvação. Conforme Freud:
“Posso agora acrescentar que a civilização constitui um processo a serviço de Eros, cujo propósito é combinar indivíduos humanos isolados, depois famílias e, depois ainda, raças, povos e nações numa única grande unidade, a unidade da humanidade. Porque isso tem de acontecer, não sabemos; o trabalho de Eros é precisamente este. Essas reuniões de homens devem estar libidinalmente ligadas umas às outras. A necessidade, as vantagens do trabalho em comum, por si sós, não as manterão unidas. Mas o natural instinto agressivo do homem, a hostilidade de cada um contra todos e a de todos contra cada um, se opõe a esse programa da civilização.” (O Mal estar na Civilização – vol.XXI)
De acordo com Freud, o significado da evolução da civilização deve representar a luta entre Eros e Thanatos, a luta da espécie humana pela vida. Temos, então, duas origens do sentimento de culpa, uma que surge do medo de uma autoridade (real e consistente) e outra, posterior, que surge do medo do superego (representação psíquica da primeira autoridade). A primeira é renúncia às satisfações instintivas, constitui o resultado do medo e, se realizada, nenhum sentimento de culpa permaneceria. Já, ao medo do superego, a renúncia instintiva não basta, persistindo o desejo e não podendo ser escondido de uma autoridade, exige uma punição, uma vez que nada pode ser escondido do superego. Conforme Freud:
“Contudo, os métodos mais interessantes de evitar o sofrimento são os que procuram influenciar o nosso próprio organismo. Em última análise, todo sofrimento nada mais é do que sensação; só existe na medida em que o sentimos, e só o sentimos como conseqüência de certos modos pelos quais nosso organismo está regulado. O mais grosseiro, embora também o mais eficaz, desses métodos de influência é o químico: a intoxicação”. (O Mal Estar Na Civilização – vol.XXI)
Para Freud, o instinto agressivo impede que o homem seja feliz plenamente na civilização tal qual ela se apresenta, e propõe mudanças urgentes, embora ele mesmo não creia plenamente que estas possam ser satisfatórias, pois os homens parecem mais inclinados à tarefa de evitar o sofrimento do que buscar prazer e essa busca de prazer pode chegar à intoxicação. Conforme Freud:
“Uma satisfação desse tipo, como, por exemplo, a alegria do artista em criar, em dar corpo às suas fantasias, ou a do cientista em solucionar problemas ou descobrir verdades, possui uma qualidade especial que, sem dúvida, um dia poderemos caracterizar em termos metapsicológicos. Atualmente, apenas de forma figurada podemos dizer que tais satisfações parecem ‘mais refinadas e mais altas’. Contudo, sua intensidade se revela muito tênue quando comparada com a que se origina da satisfação de impulsos instintivos grosseiros e primários; ela não convulsiona o nosso ser físico”. (O Mal Estar Na Civilização – vol.XXI)
Freud afirma que: “Os dois efeitos não só ocorrem de modo simultâneo, como parecem estar íntima e mutuamente ligados”. (O Mal Estar Na Civilização – vol.XXI). Esses veículos são a produção imediata de prazer, criando um desejo de independência do mundo externo. Com esse auxílio que ele chama de “amortecedor de preocupações”, há um distanciamento da pressão da realidade e um refúgio num mundo próprio mais suscetível à sensibilidade. Essa propriedade intoxicante determina o perigo e a capacidade do homem de causar danos.
Para combater sofrimentos ou ao menos fugir deles, o homem pode sublimar seus impulsos, dedicando sua energia para outras áreas como o trabalho ou a arte. Excelentes expressões artísticas só foram possíveis graças à sublimação (reorientar os objetivos instintivos de modo que iludam a frustração do mundo externo). Entretanto, Freud ressalta que este mecanismo de defesa, mesmo assim, não é plenamente satisfatório. Logo, muitos escapam à dor de outras maneiras, dedicando-se de forma compulsiva a uma religião, utilizando drogas ou alucinógenos, fantasiando ou mesmo adoecendo.

Até o próximo texto !!!

 
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